Desidratação do corpo

Desidratação é a diminuição do conteúdo total de água quando sua perda excede sua ingestão e formação, ou quando ocorre sua redistribuição brusca.

A desidratação acompanha muitas condições patológicas, complicando seu curso, pois se caracteriza pelo espessamento do sangue devido à diminuição do CBC, com comprometimento da microcirculação e do metabolismo tecidual. Os sintomas de desidratação já se manifestam com um desequilíbrio hídrico de 1,5 litro de água (2,5% do peso corporal) - leve; o grau moderado se desenvolve com a perda de 4 a 4,5 litros de água (3 a 6% do peso corporal); o grau grave é observado com a perda de 5 a 7 litros de água (7 a 14% do peso corporal). Grandes perdas de água levam à morte, pois as alterações celulares são irreversíveis.

Dependendo da patogênese, a desidratação é dividida em 3 tipos:

Desidratação do tipo isosmolar, quando água e eletrólitos são perdidos simultaneamente pelo trato gastrointestinal, pele, rins e trato respiratório, com politraumatismo, infecções e sangramento. A síndrome hipovolêmica e os sinais de desidratação geral se destacam: mucosas secas, diminuição do turgor cutâneo, oligúria ou anúria, acidose e azotemia, distúrbios cerebrais na forma de apatia, adinamia e até coma. Dependendo da gravidade da desidratação, observa-se diminuição da pressão arterial e da pressão venosa central, aumento do hematócrito, mas o teor de sódio e a osmolaridade do sangue permanecem normais.

Desidratação hiperosmolar, quando se perde mais água do que eletrólitos. Essa desidratação pode ocorrer com ingestão insuficiente de líquidos (alimentação seca), perda significativa de água pelo trato gastrointestinal (diarreia profusa, ingestão de laxantes), rins (diuréticos; diabetes insípido), pele (sudorese profusa), trato respiratório (respiração intensa), em casos de terapia intensiva com introdução de soluções hiperosmolares ou com reposição insuficiente do equilíbrio hídrico perturbado. São observados sintomas de desidratação celular (sede pronunciada, aumento da temperatura corporal; distúrbios do sistema nervoso) e desidratação extracelular (hipotensão moderada, taquicardia, membranas mucosas secas, diminuição do turgor cutâneo, oligúria). A pressão arterial e a pressão venosa central diminuem moderadamente, e os sinais de espessamento sanguíneo se destacam: aumento da hemoglobina, hematócrito e proteína sanguínea. Sinais de hiperosmolaridade: aumento da osmolaridade plasmática e urinária, aumento dos níveis de sódio. Acidose metabólica, bastante pronunciada, frequentemente descompensada, acompanhada de azotemia.

Desidratação hiposmolar, quando há perda de mais eletrólitos do que de água. Isso ocorre com a perda de eletrólitos pelo trato gastrointestinal, pele, rins, insuficiência adrenal, alguns tipos de trauma, fístulas e com a administração intravenosa de grandes quantidades de soluções hiposmolares. Sinais de hiperidratação celular se destacam: vômitos, convulsões, edema cerebral, edema pulmonar, coma. Sinais de desidratação extracelular também se manifestam: hipotensão, taquicardia, insuficiência cardíaca, oligúria, acidose metabólica e respiratória, azotemia. Caracterizam-se por diminuição da osmolaridade plasmática e urinária e diminuição dos níveis plasmáticos de sódio.

Em todos os casos de desidratação, o paciente deve ser encaminhado ou transferido para a unidade de terapia intensiva.