Síndrome de Estocolmo

O termo "síndrome de Estocolmo" refere-se a uma anomalia psicológica na qual uma vítima em potencial, que inicialmente sente medo e ódio por seu algoz, acaba por simpatizar com ele. Por exemplo, pessoas tomadas como reféns podem posteriormente sentir compaixão pelos bandidos e tentar ajudá-los sem coerção, muitas vezes até resistindo à sua própria libertação. Além disso, após um certo período, pode acontecer que uma relação afetuosa e duradoura se desenvolva entre a vítima e o sequestrador.

Causas da Síndrome de Estocolmo

O caso descrito comprova que a longa convivência entre um criminoso e sua vítima às vezes leva ao fato de que, no processo de comunicação próxima, eles se aproximam e tentam se entender, tendo a oportunidade e o tempo para se comunicar "de coração para coração". O refém "entra na situação" do sequestrador, aprende sobre seus problemas, desejos e sonhos. Frequentemente, o criminoso reclama das injustiças da vida, das autoridades, fala sobre sua má sorte e das dificuldades da vida. Como resultado, o refém passa para o lado do terrorista e tenta voluntariamente ajudá-lo.

Posteriormente, a vítima pode deixar de querer sua própria libertação por entender que a ameaça à sua vida pode não ser mais o criminoso, mas a polícia e as forças especiais que invadem o local. Por esse motivo, o refém começa a se sentir em harmonia com o bandido e tenta ajudá-lo o máximo possível.

Esse comportamento é típico de uma situação em que o terrorista inicialmente trata o prisioneiro com lealdade. Se uma pessoa sucumbe à agressão, é torturada com espancamentos e ameaças, então, de todos os sentimentos possíveis, ela só pode experimentar medo por sua vida e hostilidade aberta em relação ao agressor.

A síndrome de Estocolmo é uma situação que ocorre relativamente raramente, ocorrendo em apenas 8% dos casos em cativeiro.

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Síndrome de refém na síndrome de Estocolmo

A essência da Síndrome de Estocolmo é que, com dependência absoluta da agressão do criminoso, o refém começa a interpretar todas as suas ações de forma positiva, justificando-as. Com o tempo, a pessoa dependente começa a sentir compreensão e afeição, a demonstrar simpatia e até mesmo compaixão pelo terrorista – com tais sentimentos, a pessoa tenta inconscientemente substituir o medo e a raiva que não consegue se permitir extravasar. Esse caos de sentimentos cria uma sensação de segurança ilusória no refém.

Essa terminologia ganhou força após o incidente de grande repercussão do sequestro de pessoas em Estocolmo.

No final de agosto de 1973, um criminoso perigoso que havia escapado da prisão tomou o Banco Central de Estocolmo junto com quatro funcionários. Em troca da vida das pessoas, o terrorista exigiu uma certa quantia em dinheiro, armas, um carro abastecido e a libertação antecipada de seu companheiro de cela.

A polícia foi ao encontro do criminoso, libertou seu amigo e o levou à cena do crime. As demais exigências permaneceram em aberto por mais cinco dias, durante os quais tanto os terroristas quanto os reféns foram mantidos em uma sala fechada do banco, sob o controle da polícia. O não cumprimento de todas as exigências obrigou os criminosos a tomar medidas extremas: foi acordado um prazo durante o qual os reféns seriam mortos. Para comprovar suas palavras, um dos assaltantes chegou a ferir um refém.

No entanto, nos dois dias seguintes, a situação mudou radicalmente. As vítimas começaram a criticar e as pessoas começaram a perceber que não precisavam ser libertadas, que se sentiam confortáveis e satisfeitas com tudo. Além disso, os reféns começaram a exigir que todas as exigências dos terroristas fossem atendidas.

Entretanto, no sexto dia, a polícia ainda conseguiu invadir o prédio e libertar as pessoas capturadas, prendendo os criminosos.

Após a libertação, as supostas vítimas disseram que os criminosos eram pessoas muito boas e que deveriam ser libertados. Além disso, os quatro reféns contrataram um advogado para defender os terroristas.

Sintomas da Síndrome de Estocolmo

• As vítimas tentam se identificar com os agressores. Em princípio, esse processo é, a princípio, uma espécie de imunidade, uma reação defensiva, que muitas vezes se baseia na ideia autoinstilada de que o bandido não conseguirá prejudicar o refém se este o apoiar e ajudar. A vítima anseia intencionalmente pela condescendência e pela proteção do criminoso.
• Na maioria dos casos, a vítima entende que as medidas tomadas para salvá-la podem, em última análise, representar um perigo para ela. As tentativas de libertar o refém podem não terminar como planejado, algo pode dar errado e a vida do refém pode estar em perigo. Portanto, a vítima frequentemente escolhe o que considera um caminho mais seguro: ficar do lado do agressor.
• A prisão prolongada pode fazer com que o criminoso pareça à vítima não como alguém que infringiu a lei, mas como uma pessoa comum com seus próprios problemas, sonhos e aspirações. Essa situação se expressa de forma especialmente clara no aspecto político e ideológico, quando há injustiça por parte das autoridades ou das pessoas ao seu redor. Como resultado, a vítima pode ganhar confiança de que o ponto de vista do sequestrador é absolutamente correto e lógico.
• A pessoa capturada se afasta mentalmente da realidade - surgem pensamentos de que tudo o que está acontecendo é um sonho que em breve terminará feliz.

Síndrome de Estocolmo cotidiana

O quadro psicopatológico, frequentemente chamado de "síndrome do refém", pode ser encontrado em situações cotidianas. São frequentes os casos em que mulheres que sofreram violência e agressão posteriormente desenvolvem apego ao estuprador.

Infelizmente, esse quadro não é incomum nas relações familiares. Se, em uma união familiar, a esposa sofre agressão e humilhação por parte do próprio marido, na síndrome de Estocolmo ela vivencia exatamente o mesmo sentimento anormal em relação a ele. Uma situação semelhante também pode se desenvolver entre pais e filhos.

A síndrome de Estocolmo na família afeta principalmente pessoas que inicialmente pertencem ao tipo psicológico de "vítima sofredora". Essas pessoas foram "mal-amadas" na infância, sentiam inveja das crianças ao seu redor, amadas por seus pais. Frequentemente, elas têm um complexo de "segunda categoria", de indignidade. Em muitos casos, o motivo para seu comportamento é a seguinte regra: quanto menos você contradiz seu agressor, menos a raiva dele se manifestará. Uma pessoa que sofre bullying percebe o que está acontecendo como algo natural, continua a perdoar seu agressor e também o defende e até o justifica perante os outros e a si mesma.

Uma das variedades da "síndrome do refém" cotidiana é a síndrome de Estocolmo pós-traumática, cuja essência é o surgimento de dependência psicológica e apego da vítima à qual a violência foi aplicada em forma física. Um exemplo clássico é a reestruturação da psique de uma pessoa que sobreviveu a um estupro: em alguns casos, o próprio fato da humilhação com o uso da força é percebido como uma punição evidente por algo. Ao mesmo tempo, há a necessidade de justificar o estuprador e tentar compreender seu comportamento. Às vezes, havia situações em que a vítima buscava um encontro com seu agressor e expressava sua compreensão ou até mesmo simpatia por ele.

Síndrome de Estocolmo Social

Via de regra, quem se sacrifica em favor de um agressor coabitante elabora para si certas estratégias de sobrevivência que o ajudam a sobreviver física e moralmente, convivendo diariamente com o torturador. Uma vez conscientes, os mecanismos de salvação, com o tempo, reconstroem a personalidade humana e se tornam a única forma de coexistência mútua. Os componentes emocionais, comportamentais e intelectuais são distorcidos, o que contribui para a sobrevivência em condições de terror sem fim.

Especialistas conseguiram identificar os princípios básicos dessa sobrevivência.

• A pessoa tenta se concentrar em emoções positivas (“se ele não gritar comigo, isso me dá esperança”).
• Há uma negação completa das emoções negativas (“Não penso nisso, não tenho tempo”).
• A opinião própria repete absolutamente a opinião do agressor, ou seja, ela desaparece completamente.
• A pessoa tenta jogar toda a culpa para si mesma (“Sou eu quem está levando-o a isso e provocando-o, a culpa é minha”).
• A pessoa se torna reservada e não discute sua vida com ninguém.
• A vítima aprende a estudar o humor, os hábitos e as características comportamentais do agressor e literalmente “dissolve-se” nele.
• A pessoa começa a se enganar e ao mesmo tempo acreditar nisso: surge uma falsa admiração pelo agressor, uma simulação de respeito e amor, prazer na relação sexual com ele.

Gradualmente, a personalidade muda tanto que não é mais possível viver de outra forma.

Síndrome do Comprador de Estocolmo

Acontece que a "síndrome do refém" pode estar relacionada não apenas ao esquema "vítima-agressor". Um representante comum da síndrome pode ser um viciado em compras comum – uma pessoa que, sem saber, faz compras caras ou utiliza serviços caros, e depois tenta justificar gastos desnecessários. Tal situação é considerada uma manifestação particular de uma percepção distorcida das próprias escolhas.

Em outras palavras, uma pessoa sofre de uma forma aguda do chamado “apetite consumista”, mas, diferentemente de muitas pessoas, posteriormente não admite desperdiçar dinheiro, mas tenta convencer a si mesma e aos que a cercam de que as coisas que comprou são extremamente necessárias, e se não agora, certamente mais tarde.

Esse tipo de síndrome também se refere a distorções cognitivas psicológicas e consiste em erros mentais recorrentes e discrepâncias entre afirmações e a realidade. Isso tem sido repetidamente estudado e comprovado em inúmeros experimentos em psicologia.

A síndrome de Estocolmo, nessa manifestação, é talvez uma das formas mais inofensivas de psicopatologia, mas também pode ter consequências negativas no cotidiano e na sociedade.

Diagnóstico da síndrome de Estocolmo

A prática psicológica moderna no diagnóstico de distorções cognitivas baseia-se em uma combinação completa de métodos clínico-psicológicos e psicométricos especialmente desenvolvidos. A principal opção clínico-psicológica é considerada um exame diagnóstico clínico passo a passo do paciente e o uso de uma escala de diagnóstico clínico.

Os métodos listados consistem em uma série de perguntas que permitem ao psicólogo detectar desvios em vários aspectos do estado mental do paciente. Podem ser distúrbios afetivos, cognitivos, de ansiedade, provocados por estado de choque ou uso de drogas psicoativas, etc. Em cada etapa da entrevista, o psicólogo pode, se necessário, passar de uma etapa para outra. Se necessário, familiares ou pessoas próximas do paciente podem ser envolvidos no diagnóstico final.

Entre outros métodos diagnósticos mais utilizados na prática médica, podemos destacar:

• escala de classificação para determinar a gravidade do trauma psicológico;
• Escala de Transtorno de Estresse Pós-Traumático do Mississippi;
• Entrevista sobre depressão de Beck;
• entrevista para determinar a profundidade dos sinais psicopatológicos;
• Escala de TEPT.

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Tratamento da síndrome de Estocolmo

O tratamento é realizado principalmente com o auxílio da psicoterapia. É evidente que o uso de terapia medicamentosa nem sempre é apropriado, visto que poucos pacientes acreditam sofrer de alguma patologia. A maioria dos pacientes se recusa a tomar medicamentos devido a circunstâncias pessoais ou interrompe o tratamento prescrito por considerá-lo inadequado.

A psicoterapia bem conduzida pode ser um tratamento promissor, pois a atitude correta do paciente permite que ele desenvolva de forma independente opções eficazes para superar as alterações mentais, bem como aprenda a reconhecer conclusões ilusórias e tomar as medidas necessárias a tempo, e talvez até mesmo prevenir anormalidades cognitivas.

O esquema de tratamento cognitivo utiliza diversas estratégias cognitivas e comportamentais. As técnicas utilizadas visam detectar e avaliar concepções errôneas, conclusões e construções mentais enganosas. Durante o tratamento, o paciente aprende a realizar as seguintes operações:

• monitore seus pensamentos que surgem automaticamente;
• traçar a relação entre seus pensamentos e comportamento, avaliar suas emoções;
• realizar uma análise de fatos que confirmem ou refutem suas próprias conclusões;
• fazer uma avaliação realista do que está acontecendo;
• reconhecer distúrbios funcionais que podem levar a inferências distorcidas.

Infelizmente, o atendimento emergencial para a Síndrome de Estocolmo é impossível. Somente a consciência independente da vítima sobre os danos reais da sua situação, uma avaliação da ilogicidade de suas ações e a falta de perspectivas para esperanças ilusórias lhe permitirão abandonar o papel de pessoa humilhada e privada de sua própria opinião. Mas sem consultar um especialista, será muito difícil, quase impossível, obter sucesso no tratamento. Portanto, o paciente deve estar sob a supervisão de um psicólogo ou psicoterapeuta durante todo o período de reabilitação.

Prevenção da síndrome de Estocolmo

Ao conduzir um processo de negociação durante a tomada de reféns, um dos principais objetivos do mediador é incitar as partes agressoras e lesadas à compaixão mútua. De fato, a síndrome de Estocolmo (como demonstra a prática) aumenta significativamente as chances de sobrevivência dos reféns.

A tarefa do negociador é encorajar e até provocar o desenvolvimento da síndrome.

No futuro, pessoas que foram sequestradas e sobreviveram com sucesso passarão por repetidas consultas com um psicólogo. O prognóstico da Síndrome de Estocolmo dependerá das qualificações de um psicoterapeuta específico, da disposição da vítima em encontrar um meio-termo com o especialista e da profundidade e do grau do trauma na psique da pessoa.

A dificuldade é que todos os desvios mentais acima são extremamente inconscientes.

Nenhuma das vítimas tenta entender os verdadeiros motivos de seu comportamento. Elas se comportam inconscientemente, seguindo um algoritmo de ações construído subconscientemente. O desejo interior natural da vítima de se sentir segura e protegida a impele a cumprir quaisquer condições, mesmo aquelas que ela mesma criou.

Filmes sobre a síndrome de Estocolmo

Existem muitos filmes na cinematografia mundial que ilustram claramente casos em que reféns foram ao encontro de terroristas, alertando-os do perigo e até mesmo protegendo-os com si mesmos. Para saber mais sobre essa síndrome, recomendamos assistir aos seguintes filmes:

• "The Chase", EUA, 1994. Um criminoso foge da prisão, rouba um carro e faz uma compradora refém. Aos poucos, a garota passa a conhecer melhor o sequestrador e desenvolve sentimentos afetuosos por ele.
• "Excesso de Bagagem", EUA, 1997. Um ladrão de carros rouba outro BMW, sem suspeitar que, junto com o carro, ele também está roubando uma garota que está escondida no porta-malas...
• "Amarre-me", Espanha, 1989-1990. Um filme sobre o sequestro de uma atriz por um rapaz, que posteriormente deu origem a sentimentos mútuos.
• "A Cidade dos Ladrões", EUA, 2010. Um filme emocionante sobre o relacionamento entre um ladrão e seu antigo refém.
• "Backtrack", EUA, 1990. Um assassino de aluguel precisa lidar com uma artista que se tornou testemunha involuntária de um confronto da máfia. Ao conhecer melhor a garota, ele se apaixona por ela e foge com ela.
• "O Carrasco", URSS, 1990. Uma jovem é estuprada e, por vingança, é forçada a contratar um bandido. No entanto, surge uma situação que faz com que a vítima perdoe seus agressores.
• "Síndrome de Estocolmo", Rússia, Alemanha, 2014. Uma jovem que fez uma viagem de negócios à Alemanha é sequestrada bem no meio da rua.

O fenômeno da "síndrome de Estocolmo" é geralmente considerado paradoxal, e o apego crescente das vítimas aos criminosos é considerado irracional. Será mesmo assim?