Tratamento da vaginose bacteriana

O tratamento da vaginose bacteriana consiste na eliminação de todos os sintomas e na normalização da microflora vaginal. A vaginose bacteriana apresenta diversas formas e tipos e pode ser designada pelos seguintes sinônimos diagnósticos: vaginose inespecífica, lactobacilose vaginal, vaginose anaeróbica, gardnerelose, aminocolpite e até disbacteriose vaginal. Essa grande variedade de designações se deve ao fato de a doença ter sido formalizada e descrita terminologicamente após a adoção da Classificação Internacional de Doenças da Décima Revisão, ou seja, não ter sido incluída na CID-10. Consequentemente, também não existe um regime terapêutico padrão único; o tratamento da vaginose bacteriana oferece diversas opções que dependem do tipo de patógeno, da forma e dos sintomas da vaginose.

A vaginose bacteriana é um distúrbio no equilíbrio da microflora da mucosa vaginal, quando o número de bactérias patogênicas, que não deve ser superior a 2%, excede significativamente o número de lactobacilos. O ambiente de lactose mantém a proteção ideal para a mucosa, criando um certo nível de acidez. As células imunológicas locais também protegem a mucosa contra infecções bacterianas.

As principais causas da bacteriose bacteriana incluem disfunções hormonais, fatores relacionados à medicação (tratamento com antibióticos), diminuição da proteção imunológica e disbacteriose intestinal. O principal objetivo do tratamento da vaginose bacteriana é neutralizar bactérias nocivas para restaurar o equilíbrio da microflora vaginal.

O tratamento da vaginose bacteriana depende diretamente do tipo de micróbios patogênicos, entre os quais a gardnerella é mais frequentemente detectada, e da manifestação dos sintomas.

Sintomas da vaginose bacteriana:

• Curso assintomático da doença, a forma mais perigosa, pois a vaginose se torna crônica;
• A secreção é de consistência viscosa, de cor branca e tem odor característico (de peixe);
• Uma sensação de coceira constante na vagina;
• Sensações dolorosas ou desconfortáveis durante a relação sexual;
• Raramente - dor ao urinar.

A vaginose bacteriana é uma das infecções mais comuns dos órgãos genitais femininos e, ao contrário de outras patologias bacterianas, não é transmitida sexualmente. Todos os anos, mais de 10 milhões de mulheres, só nos países europeus, procuram atendimento médico com queixas de vaginose. A doença não conhece limites de idade, nacionalidade ou status social e pode se desenvolver em uma em cada três mulheres. Tais estatísticas epidemiológicas são explicadas por uma diminuição geral da proteção imunológica na população de países civilizados; a medicina ainda não sugeriu outra causa.

O tratamento da vaginose bacteriana ocorre em duas etapas: eliminação dos danos bacterianos e normalização da microbiocenose (equilíbrio estável dos microrganismos).

A fase inicial visa eliminar microrganismos patogênicos. É indicada terapia antibacteriana, prescrita localmente na forma de supositórios e pomadas. O tratamento da vaginose bacteriana geralmente é realizado com metronidazol. Paralelamente a esse grupo de medicamentos, são prescritos imunomoduladores e anti-histamínicos. O uso de anestésicos locais também é indicado para reduzir a sensação de coceira e queimação.

O regime geral de tratamento recomendado por ginecologistas americanos e adaptado para uso nos países da CEI é o seguinte:

• Hexicon (clorexidina) – duas vezes ao dia na forma de supositórios, um curso de pelo menos uma semana;
• Clindacina (clindafer, clindamicina) na forma de pomada, aplicada intravaginalmente à noite, por um período de pelo menos uma semana, a pomada pode ser substituída na forma de supositório;
• Metronidazol em comprimidos - duas vezes ao dia, 500 mg, com duração mínima de uma semana;
• O metronidazol é frequentemente substituído por um análogo mais ativo – o ornidazol, caso em que o tratamento dura cinco dias.

O tratamento antibacteriano da vaginose exclui o uso de bebidas alcoólicas. O tratamento da vaginose bacteriana deve ser completo; se o tratamento for interrompido, podem ocorrer recidivas da doença. Deve-se levar em consideração que os medicamentos do grupo metronidazol podem provocar reações alérgicas, portanto, a terapia oral pode ser substituída por aplicações tópicas com clindamicina. Gel à base de metronidazol não deve ser prescrito, pois sua intolerância é sistêmica.

O tratamento da vaginose bacteriana no segundo estágio envolve o uso de medicamentos bioativos contendo lacto e bifidobactérias. Eles são prescritos por via tópica ou oral. A população da vagina com bactérias "úteis" é aconselhável somente após o tratamento antibacteriano; o uso combinado de antimicrobianos e medicamentos bioativos não é eficaz. Os seguintes probióticos (eubióticos) são considerados eficazes:

• Lactobacilos.
• A lactobacterina em comprimidos ou ampolas apresenta alta biodisponibilidade, pois é uma massa seca de simbiontes intestinais naturais. A lactobacterina restaura a microbiocenose e normaliza a condição da mucosa vaginal.
• Gastrofarm é uma combinação de Lactobacillus, ácidos nucleico e láctico e polipeptídeos.
• Bifidobactérias.
• Bifidumbacterina – este eubiótico tem alta atividade, suprimindo a atividade de estafilococos, shigella, microrganismos de levedura e gardnerella.
• Medicamentos combinados.
• Bifiform é um probiótico que contém bifidobactérias em combinação ideal com enterococos.
• Linex é um probiótico que contém três tipos diferentes de bactérias lácticas em quantidades iguais. Lactobacillus acidophilus coexiste harmoniosamente com bifidobactérias e enterococos.

O tratamento da vaginose bacteriana com probióticos e eubióticos é aconselhável de três a quatro dias após o término da antibioticoterapia, eliminando assim a possibilidade de conflito entre probióticos e elementos antimicrobianos. A infecção bacteriana geralmente é tratada em 7 a 10 dias, com estrita adesão às recomendações médicas, e a eficácia das medidas terapêuticas é de cerca de 95%. Recaídas são possíveis devido à interrupção do tratamento com antibióticos ou à violação da dosagem e do regime medicamentoso. A neutralização da vaginose bacteriana também envolve a adesão a uma dieta adequada e a eliminação da principal causa etiológica da infecção – a restauração do equilíbrio hormonal e o tratamento da disbacteriose intestinal.