Existe uma dieta para a leucemia

Se a ingestão do aminoácido valina no corpo for interrompida, o curso da leucemia linfoblástica aguda de células T é quase completamente bloqueado, o que foi observado em um experimento conduzido em roedores.

O estudo de aminoácidos proteicos é uma tarefa popular para cientistas em todo o mundo. Em um estudo recente, cientistas da Universidade de Nova York descobriram uma propriedade importante da valina, um α-aminoácido alifático, um dos vinte aminoácidos proteinogênicos que fazem parte de muitas proteínas conhecidas. Os especialistas estavam estudando as estruturas da leucemia linfoblástica de células T: esta é uma patologia maligna comum que afeta principalmente crianças e jovens. As características biológicas e químicas da doença aguda foram estudadas. E o objetivo imediato dos cientistas era esclarecer os processos tróficos e determinar substâncias que são especialmente importantes para o desenvolvimento do processo maligno.

Durante o trabalho experimental, estruturas malignas foram transplantadas de humanos para roedores modificados. Posteriormente, os camundongos, como era de se esperar, desenvolveram leucemia. Como resultado, descobriu-se que, se os roedores seguissem uma dieta sem valina, a progressão da doença era completamente bloqueada por três semanas, e o número de células malignas no sistema circulatório diminuía em pelo menos 50%, ou até mesmo desapareciam completamente. No entanto, quando a valina era reutilizada na alimentação, a leucemia reaparecia.

De acordo com os processos moleculares básicos, a leucemia linfoblástica aguda de células T depende do gene multifuncional NOTCH1. Alterações malignas no gene aumentam os níveis de tRNA (ácido ribonucleico transportador, que garante a interação do ribossomo, aminoácido e RNA mensageiro durante a tradução). É o tRNA que transporta a valina para os mecanismos de síntese de proteínas.

Cada aminoácido possui seu próprio tRNA, que contém um aminoácido específico e se combina com uma combinação triplex de RNA mensageiro. Sem o RNA transportador, a síntese proteica não pode ocorrer. As estruturas malignas da leucemia requerem uma grande quantidade de proteína mitocondrial e, para sua produção na quantidade necessária, é necessária valina – no volume adequado. Portanto, as células malignas precisam urgentemente de mutações no gene NOTCH1 que ativem a produção do tRNA de valina. Para afetar as estruturas leucêmicas, basta reduzir o número de RNAs transportadores de valina ou reduzir o nível da própria valina, o que interromperá a cadeia de transporte.

É bem possível que um esquema semelhante possa ser aplicado a outros tipos de patologias malignas. Por enquanto, os cientistas só podem falar sobre leucemia: com alto grau de probabilidade, a eficácia do tratamento pode ser complementada e potencializada se o paciente aderir a uma dieta que envolva a limitação da ingestão de valina. A propósito, a exclusão completa da valina não é recomendada, visto que a deficiência do aminoácido afeta negativamente a condição do cérebro e dos músculos.

Cientistas publicaram informações completas na página da revista Nature