Foi descoberto um medicamento que pode atrasar o aparecimento das doenças de Alzheimer e de Parkinson

Um pesquisador do Departamento de Cirurgia da Escola de Medicina Keck da Universidade do Sul da Califórnia (USC) identificou um potencial avanço no retardo do aparecimento das doenças de Alzheimer e Parkinson e no tratamento da hidrocefalia. Young-Kwon Hong, PhD, diretor de pesquisa básica do Departamento de Cirurgia, e sua equipe desenvolveram um medicamento que pode ajudar a eliminar fluidos e resíduos celulares do cérebro.

Assim como o corpo, o cérebro possui seu próprio sistema linfático que remove os resíduos celulares. "É como um sistema de esgoto, e precisa de uma boa drenagem para manter tudo funcionando e limpo", explicou Hong. Quando o sistema linfático do cérebro não drena adequadamente, fluidos e detritos podem se acumular. O acúmulo de fluidos significa que há menos espaço para o líquido cefalorraquidiano, que amortece e nutre o cérebro.

Hidrocefalia é o acúmulo de líquido no cérebro. Esse líquido pode pressionar tanto o crânio quanto o próprio cérebro. Como os ossos do crânio não estão totalmente desenvolvidos em crianças, a hidrocefalia pode causar deformidade do crânio e possíveis danos ao cérebro em desenvolvimento.

Em adultos, a hidrocefalia faz com que o cérebro pressione o crânio endurecido, causando dores de cabeça e sintomas que variam de problemas de visão a dificuldades de coordenação e problemas cognitivos. As doenças de Parkinson e Alzheimer têm muitas causas, mas o acúmulo de resíduos e placas no cérebro é um fator significativo em cada uma delas.

A vantagem de canos maiores A equipe de Hong teorizou que eles poderiam acelerar a drenagem de fluidos e resíduos do cérebro. "Imagine uma pia de cozinha que drena muito lentamente por causa de um cano de cinco centímetros de diâmetro", disse ele. "Podemos fornecer um cano de dez centímetros de diâmetro." A equipe de Hong desenvolveu inicialmente a ideia de estimular manualmente o processo de drenagem e, em seguida, desenvolveu um composto que faz com que os vasos linfáticos aumentem de diâmetro.

A ativação de Piezo1 diminui a área corada com CDH5 e aumenta a drenagem em vasos linfáticos simulados em um chip de polidimetilsiloxano (PDMS). (a) Ilustração esquemática do modelo tridimensional de vasos linfáticos utilizado neste estudo. (b) Imagens confocal fluorescentes de vasos linfáticos projetados e corados para F-actina e CDH5. (c) Área relativa das junções celulares coradas para CDH5. (d) Análise de Western blot confirmando a regulação negativa efetiva de Piezo1 em células endoteliais linfáticas (LECs) preparadas para medições de drenagem. Fonte: Nature Neuroscience (2024). DOI: 10.1038/s41593-024-01604-8

A pesquisa de Hong foi publicada na revista Nature Neuroscience em março deste ano, e ele e sua equipe continuam trabalhando nesse desenvolvimento empolgante.

O incomum nessa história é que, apesar de décadas de experiência em pesquisa médica e cirúrgica, Hong não tinha experiência anterior em pesquisa em neurociência — todo o seu trabalho tinha sido abaixo do pescoço. Ele encontrou inspiração para este projeto em uma igreja.

Um dos membros de sua congregação tinha hidrocefalia adulta e sofreu perda repentina de visão enquanto dirigia na rodovia. Quando Hong soube do incidente, sentiu que precisava ajudar. "Senti um chamado espiritual. Eu precisava fazer alguma coisa."

Hong observou que, apesar de sua primeira incursão na pesquisa em neurociência, tudo se encaixou e funcionou notavelmente bem. E, claro, havia o potencial de ajudar milhões de pessoas ao redor do mundo. "Foi incrível", disse ele. "Foi a combinação perfeita de ciência e fé."