Apenas metade das pessoas relata ou acredita que deveria revelar que tem uma DST antes de fazer sexo.

Uma revisão das pesquisas realizadas até o momento revela a natureza complexa de revelar um diagnóstico de infecção sexualmente transmissível (IST) a um parceiro antes de iniciar uma atividade sexual.

Pesquisas mostram que muitas pessoas vivenciam uma série de sentimentos e emoções associados à perspectiva de revelar seu diagnóstico. No entanto, apenas cerca de metade ou menos das pessoas se sentem capazes de contar ao parceiro sobre o seu diagnóstico antes de iniciarem atividade sexual.

Os resultados, publicados no The Journal of Sex Research, também mostram que um número semelhante de pessoas acredita que deveria revelar uma IST a um parceiro antes de iniciar atividade sexual.

Para evitar a propagação de tais infecções (excluindo o HIV), um grupo de especialistas da Universidade do Tennessee apela à oferta de educação sexual abrangente ao longo da vida, desde a adolescência até ao final da idade adulta.

"Muitas pessoas não têm educação sexual abrangente e suficiente", observam os autores do artigo. “Em vez de serem ensinados a utilizar adequadamente as opções de prevenção, a identificar as suas limitações e a compreender o âmbito e a transmissão das IST, os jovens são simplesmente instruídos a abster-se de relações sexuais. Indivíduos diagnosticados com IST podem encontrar-se numa posição vulnerável e enfrentar decisões difíceis, cujas consequências podem ser prejudiciais para a sua personalidade e relacionamentos.

O processo de divulgação é complexo. Certos contextos, especialmente em relacionamentos estáveis, promovem a divulgação, enquanto outros a desencorajam. A divulgação é um processo interpessoal que afeta não apenas a pessoa que toma a decisão de divulgar, mas também o destinatário pretendido da informação."

Aproximadamente uma em cada cinco pessoas nos Estados Unidos tem uma IST em determinado momento, com mais de 26 milhões de casos notificados aos serviços de saúde públicos.

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), as práticas de prevenção de infecções incluem discutir a história sexual com parceiros, revelar DSTs ativas e usar medidas preventivas (por exemplo, preservativos, protetores faciais, vacinas).

Algumas agências de saúde pública, incluindo as dos Estados Unidos, recomendam a divulgação de ISTs ativas.

No entanto, uma nova revisão que examinou 32 artigos descobriu que o medo pode impedir muitas pessoas de revelarem seu diagnóstico.

Outras razões incluem a crença de que o uso do preservativo é suficientemente protetor; falta de obrigações, como no caso de relacionamentos pontuais; e medo de ser rejeitado. Alguns até descreveram que se “disfarçaram” como não infectados para evitar a detecção.

As pessoas que revelaram seu status a um parceiro o fizeram por amor, por um senso de obrigação moral ou por motivos relacionados ao relacionamento, como altos níveis de comprometimento, qualidade do relacionamento, tempo juntos e sentimentos de proximidade.

Os divulgadores usaram vários métodos para relatar seu status de DST. Os que não revelaram usaram estratégias para parecerem não infectados, evitar relacionamentos ou usar surtos de DST para planejar atividades sexuais.

A revisão mencionou com mais frequência herpes e HPV, e também considerou clamídia, gonorreia e tricomoníase. Os resultados também mostraram que as experiências das pessoas que recebem informações sobre IST estão subrepresentadas nesses estudos.

"Um dos principais fatores que determinam se uma pessoa divulgará informações é o destinatário pretendido. A forma como o destinatário reage e seu relacionamento com o divulgador podem influenciar significativamente a decisão de divulgar", acrescentam os autores.

"Portanto, há necessidade de explorar as experiências dos receptores para compreender melhor o processo de divulgação de DST. Isso nos permitirá continuar a melhorar a educação sexual e os cuidados de saúde para todos."

As pesquisas existentes sobre IST têm limitações, como a falta de dados sobre orientação sexual. Portanto, o objetivo dos autores da revisão foi preencher lacunas no conhecimento e identificar áreas para pesquisas futuras.

O seu foco era a auto-revelação de IST aos parceiros actuais e antigos. Divulgação é o compartilhamento voluntário ou forçado de informações pessoais com outra pessoa, como a divulgação de uma IST.

Isso é diferente da notificação ao parceiro, que é semelhante ao rastreamento de contatos e pode envolver o uso de serviços de mensagens anônimas.

As limitações do artigo incluíram a consideração apenas de estudos em inglês, bem como um número limitado de revisores.

Para o futuro, os autores sugerem que pesquisas futuras abordem o tema com uma abordagem desestigmatizante.

“Iniciar conversas sobre saúde sexual é responsabilidade de todos”, concluem.