Os ucranianos começaram a sofrer de um medo irracional

Médicos ucranianos estão diagnosticando cada vez mais pacientes com "ataques de pânico". Na opinião deles, a instabilidade socioeconômica é a causa dos transtornos mentais de seus compatriotas.

O transtorno do pânico é uma das doenças mais misteriosas do sistema nervoso. E uma das mais comuns entre os ucranianos, de acordo com dados de psiquiatras e neurologistas atuantes. Não faz muito tempo, casos de transtorno do pânico eram isolados nas consultas com neurologistas, e hoje são de 7 a 8 casos para cada 10 pacientes.

E esses números se referem apenas a pacientes relativamente bem-sucedidos que conseguiram consultar um neurologista ou psicoterapeuta em uma clínica particular. Outros, se não ficarem em casa, recorrem a cardiologistas, gastroenterologistas e terapeutas, suspeitando de doenças em vários sistemas do corpo. Afinal, os ataques de pânico também se manifestam na forma de dores de cabeça, dores abdominais e cardíacas, arritmia, picos de pressão e sufocamento.

Em essência, um ataque de pânico é uma crise grave de ansiedade, acompanhada de sintomas somáticos (ou seja, físicos). Os médicos soviéticos frequentemente diagnosticavam o transtorno do pânico como distonia vegetativo-vascular – uma doença assintomática e incurável – e buscavam a causa da doença em fatores somáticos internos. Os médicos ucranianos da nova geração priorizavam os problemas mentais causados por fatores externos, sendo o principal, segundo os médicos, a instabilidade socioeconômica.

Políticos, grandes empresários, altos executivos, bem como professores e representantes do mundo do entretenimento, frequentemente se tornam vítimas de ataques de pânico. O transtorno do pânico é promovido pelo estresse crônico que acompanha a tomada de decisões em larga escala, o trabalho como professor e o trabalho criativo. Além disso, o medo de perder tudo é mais vivenciado por aqueles que têm mais.

No entanto, pessoas comuns não são imunes ao medo. Um paciente do maior hospital psiquiátrico da capital, que leva o nome de Pavlov, Ruslan, trabalhava como coletor de materiais recicláveis quando foi tomado pelo seu primeiro ataque de pânico.

No transporte público e em outros pacientes, as crises ocorrem com mais frequência. Um dos sintomas das crises de pânico é justamente o medo de lugares ou situações de onde seja difícil ou inconveniente sair e onde não haja ajuda.

Ataques de pânico são um reflexo do medo do futuro, acreditam os especialistas. Na virada das eras, durante a perestroika e o desfile de independência, alguns enxergaram novas oportunidades, enquanto outros acreditaram que tudo voltaria ao normal.

Além disso, as pessoas se nutriam do passado soviético. Era entediante, mas estável e previsível. A nova geração está participando de uma corrida pela sobrevivência. O medo de ser demitido, de perder um negócio, de problemas familiares subsequentes, de sobrecarga no trabalho e de noites sem dormir preparam o terreno para ataques de pânico.

Ao contrário das estatísticas

De acordo com o Comitê Estadual de Estatística e o Centro de Estatísticas Médicas do Ministério da Saúde, o número de pacientes com transtornos mentais é de aproximadamente 5% da população.

Taxas tão baixas de doenças mentais, em sua opinião, também podem estar ligadas a manifestações somáticas de ataques de pânico: as pessoas recorrem a médicos de outras especialidades e recebem um diagnóstico impreciso. "É possível traçar o quadro real tomando medicamentos. De acordo com estatísticas sobre vendas de antidepressivos, a Ucrânia está no meio do top 10, perdendo apenas para os EUA e alguns países europeus", diz um neurologista, que teve acesso "confidencial" a esses números por um representante de uma empresa farmacêutica que produz medicamentos psicotrópicos.

Um link sobre ataques de pânico

Grupos de risco

Ataques de pânico ocorrem em aproximadamente 10% da população, com 1–3% das pessoas apresentando sintomas graves.

Na maioria das vezes, os ataques de pânico ocorrem em pessoas entre 25 e 64 anos, com alguma predominância na faixa etária de 25 a 44 anos. Os ataques que ocorrem em pessoas mais velhas geralmente apresentam menos sintomas, mas os componentes emocionais costumam ser mais pronunciados.

Numerosos estudos indicam uma predominância de três a quatro vezes maior de mulheres sobre homens entre aqueles propensos a ataques de pânico. A predominância de mulheres nos transtornos de pânico é explicada tanto por causas hormonais quanto pelo papel que os representantes do sexo frágil desempenham na sociedade moderna.

Ao mesmo tempo, a menor representação de homens pode estar associada à transformação de transtornos de ansiedade em alcoolismo.

Ansiedade!

Sinais de um ataque de pânico

Os ataques de pânico são caracterizados por uma sensação intensa de medo, pânico ou ansiedade e/ou uma sensação de tensão interna, combinada com quatro ou mais dos seguintes sintomas associados ao pânico:

• batimento cardíaco, pulso aumentado
• suando
• calafrios, tremores, sensação de tremor interno
• sensação de falta de ar, dispneia
• engasgo ou dificuldade para respirar
• dor ou desconforto no lado esquerdo do peito
• náusea ou desconforto na região abdominal
• uma sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio
• uma sensação de irrealidade do que está acontecendo, despersonalização (distanciamento do próprio "eu")
• medo de enlouquecer ou fazer algo incontrolável
• medo da morte
• uma sensação de dormência ou formigamento nos membros
• insônia
• confusão de pensamentos