Descoberta nova complicação grave do aborto espontâneo

Um aborto espontâneo no futuro aumenta o risco de morte prematura de uma mulher por doenças cardiovasculares. Esta é a conclusão a que chegaram cientistas americanos representando a Universidade Harvard. Eles publicaram detalhes de seu trabalho na revista científica BMJ.

O aborto espontâneo é o resultado de aproximadamente 20% de todas as gestações. Anteriormente, cientistas realizaram estudos nos quais descobriram uma conexão entre um histórico de aborto espontâneo e o desenvolvimento a longo prazo de hipertensão, patologias cardiovasculares e diabetes tipo II. Desta vez, os pesquisadores encontraram outro efeito adverso: o risco de morte prematura. Os cientistas tomaram conhecimento desse efeito colateral pela primeira vez.

Essa descoberta foi obtida em um estudo observacional em larga escala como parte do Nurses' Health Study, uma série de estudos prospectivos que examinaram a epidemiologia e os efeitos de longo prazo da nutrição, do equilíbrio hormonal, da ecologia e das características da profissão médica na saúde e na doença.

Os especialistas estudaram informações sobre mais de cem mil mulheres em idade fértil (de 25 a 42 anos). O estudo foi conduzido ao longo de 24 anos – de 1993 a 2017. Durante esse período, as participantes do experimento preencheram um questionário especial no qual indicaram mudanças em seu estilo de vida e saúde, descreveram gestações ocorridas e seus desfechos.

Os resultados mostraram que mais de um quarto das participantes observadas tiveram uma gravidez que terminou em aborto espontâneo. No total, quase 3.000 casos de mortes prematuras foram registrados durante todo o período de observação: 1.346 mulheres morreram de patologias malignas e 269 de doenças cardiovasculares. A taxa de mortalidade foi maior entre as participantes que tiveram três ou mais abortos espontâneos, bem como entre aquelas que tiveram um aborto espontâneo antes dos 24 anos.

Os cientistas analisaram todos os fatores mais prováveis e descobriram que as participantes que tiveram um aborto espontâneo apresentaram maior risco de morte prematura do que mulheres sem histórico de interrupção da gravidez em seus registros médicos. O risco de morte precoce por patologias cardiovasculares foi superior a 48%. Esse indicador foi mais pronunciado para mulheres com abortos espontâneos habituais, bem como para casos de abortos espontâneos em idade jovem.

Segundo cientistas, abortos espontâneos podem ser percebidos como marcadores precoces do risco de morte prematura. Em seguida, os pesquisadores precisarão descobrir se o aborto espontâneo pode ser resultado de pré-requisitos existentes ou se ativa um mecanismo envolvido na redução da expectativa de vida.

Fonte original de informação: periódico BMJ