Estudo encontra ligação entre genética e consumo de café

Às 9h, as cafeterias estão lotadas e as filas para entrar no drive-thru se estendem pelo prédio. Isso é comum em todo o mundo, já que o café é uma das bebidas mais populares. Mas será que o nosso amor pelo café é herdado dos nossos pais ou é moldado pelo nosso ambiente?

Estudo da predisposição genética ao consumo de café

Pesquisadores da Escola de Medicina Schulich e da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD) usaram dados genéticos, bem como medidas autorrelatadas de consumo de café, para conduzir um estudo de associação genômica ampla (GWAS). Esses estudos utilizam grandes quantidades de dados genéticos para ajudar os cientistas a identificar variantes genéticas, genes e processos biológicos associados a doenças ou características de saúde específicas.

Comparação de dados dos EUA e do Reino Unido

Os pesquisadores compararam os padrões genéticos de consumo de café do banco de dados 23andMe nos EUA com um conjunto ainda maior de registros do Reino Unido.

"Usamos esses dados para identificar regiões no genoma associadas à probabilidade de consumo de café e, então, identificar genes e biologia que podem estar por trás do consumo de café", disse Hayley Thorpe, pesquisadora principal do estudo e pesquisadora de pós-doutorado na Escola de Medicina Schulich da Western University.

Principais resultados do estudo

Os resultados mostraram uma influência genética no consumo de café. Em outras palavras, certas variantes genéticas herdadas dos pais influenciam a quantidade de café que você provavelmente toma. O estudo foi publicado na revista Neuropsychopharmacology.

No entanto, as descobertas sobre os efeitos do café na saúde foram menos claras.

A ligação entre o café e várias condições de saúde

Um estudo de associação genômica ampla de 130.153 participantes do 23andMe nos EUA foi comparado com um banco de dados semelhante do UK Biobank de 334.649 residentes do país.

A comparação encontrou associações genéticas positivas consistentes entre o consumo de café e desfechos adversos à saúde, como obesidade e uso de substâncias, em ambas as populações. Isso não significa que um consumidor de café necessariamente usará outras substâncias ou desenvolverá obesidade, mas sim que uma predisposição genética ao consumo de café está de alguma forma ligada a essas características, explicou Thorpe.

Correlação genética com condições psiquiátricas

Os resultados se tornaram mais complexos quando se consideraram condições psiquiátricas.

"Se você observar a genética da ansiedade, por exemplo, ou do transtorno bipolar e da depressão, no conjunto de dados da 23andMe, eles tendem a ter uma correlação genética positiva com a genética do consumo de café", disse Thorpe. "Mas no UK Biobank, você vê o padrão oposto, onde eles têm uma correlação genética negativa. Não era isso que esperávamos."

Os pesquisadores notaram outras diferenças entre as populações.

"Encontramos associações positivas entre a genética do consumo de café medida pelo 23andMe e transtornos psiquiátricos, mas essas associações foram geralmente negativas quando examinadas no Biobank do Reino Unido", disse Thorpe. "Essas discrepâncias podem ser devidas a muitos motivos, como diferenças no consumo de chá e café entre pessoas nos EUA e no Reino Unido."

Conclusão e necessidade de mais pesquisas

Embora este estudo contribua para a literatura existente e ajude a entender melhor como o café pode impactar a saúde humana, mais pesquisas são necessárias para entender a relação entre café, uso de outras substâncias e problemas de saúde em diferentes contextos, observou Thorpe.