A edição de genes para curar o herpes é bem sucedida em ensaios laboratoriais

Pesquisadores do Fred Hutch Cancer Center descobriram, em estudos pré-clínicos, que uma terapia genética experimental para herpes genital e oral elimina 90% ou mais da infecção e suprime a quantidade de vírus que uma pessoa infectada pode eliminar. Isso sugere que a terapia também pode reduzir a propagação do vírus.

“O herpes é muito sorrateiro. Ele se esconde entre as células nervosas e depois se reativa, causando bolhas dolorosas na pele”, disse Keith Jerome, MD, professor de vacinas e doenças infecciosas na Fred Hutch. “Nosso objetivo é curar as pessoas dessa infecção para que elas não vivam com medo constante de surtos ou de transmitir o vírus para outra pessoa.”

Publicado em 13 de maio na revista Nature Communications, o estudo de Jerome e sua equipe no Fred Hutch Center representa um passo encorajador em direção à terapia genética para herpes.

A terapia genética experimental envolve a injeção de uma mistura de moléculas de edição genética na corrente sanguínea que buscam a localização do vírus do herpes no corpo. A mistura inclui vírus modificados em laboratório, chamados vetores, comumente usados em terapia genética, e enzimas que atuam como tesouras moleculares. Assim que o vetor atinge os aglomerados de nervos onde o vírus do herpes se esconde, a tesoura molecular corta os genes do vírus, danificando-os ou removendo-os completamente.

“Usamos uma enzima meganuclease que corta o DNA do vírus do herpes em dois locais diferentes”, disse a autora principal, Martine Ober, PhD, diretora científica do Fred Hutch Center. “Esses cortes danificam o vírus de forma tão grave que ele não consegue se reparar. Os próprios sistemas de reparo do corpo então reconhecem o DNA danificado como estranho e o eliminam.”

Utilizando modelos murinos de infecção, a terapia experimental eliminou 90% do vírus herpes simplex tipo 1 (HSV-1) após uma infecção facial, também conhecida como herpes oral, e 97% do HSV-1 após uma infecção genital. Os camundongos tratados levaram cerca de um mês para apresentar essas reduções, e a redução do vírus pareceu se tornar mais completa com o tempo.

Além disso, os pesquisadores descobriram que a terapia genética do HSV-1 reduziu significativamente tanto a frequência quanto a quantidade de eliminação viral.

Os virologistas da Fred Hutch, Martin Ober, PhD, e Keith Jerome, MD, estão conduzindo experimentos de laboratório para desenvolver uma terapia genética voltada para a cura do herpes. "Se você conversar com pessoas que vivem com herpes, muitas delas se preocupam com a possibilidade de a infecção se espalhar para outras pessoas", disse Jerome. "Nosso novo estudo mostra que podemos reduzir tanto a quantidade de vírus no corpo quanto a quantidade de vírus eliminado."

A equipe de Fred Hutch também simplificou o tratamento de edição genética, tornando-o mais seguro e fácil de produzir. Em um estudo de 2020, eles usaram três vetores e duas meganucleases diferentes. O estudo mais recente usa apenas um vetor e uma meganuclease, que pode cortar o DNA do vírus em dois lugares.

"Nossa abordagem simplificada de edição genética é eficaz na eliminação do vírus do herpes e tem menos efeitos colaterais no fígado e nos nervos", disse Jerome. "Isso sugere que a terapia será mais segura para as pessoas e mais fácil de fabricar, pois contém menos componentes."

Embora os cientistas da Fred Hutch estejam animados com a eficácia da terapia genética em modelos animais e ansiosos para aplicar suas descobertas a tratamentos humanos, eles também estão cautelosos quanto às etapas necessárias para a preparação dos ensaios clínicos. Eles também observaram que, embora o estudo atual tenha analisado infecções por HSV-1, estão trabalhando para adaptar a tecnologia de edição genética para combater infecções por HSV-2.

“Estamos colaborando com muitos parceiros à medida que avançamos em direção aos ensaios clínicos para atender aos requisitos regulatórios federais e garantir a segurança e a eficácia da terapia genética”, disse Jerome. “Agradecemos profundamente o apoio dos defensores da cura do herpes que compartilham nossa visão de cura desta infecção.”

O vírus herpes simplex (HSV) é uma infecção comum que persiste por toda a vida após a infecção. Os tratamentos atuais podem apenas suprimir os sintomas, mas não eliminá-los completamente, incluindo bolhas dolorosas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 3,7 bilhões de pessoas com menos de 50 anos (67%) têm HSV-1, que causa herpes oral. Cerca de 491 milhões de pessoas entre 15 e 49 anos (13%) em todo o mundo têm HSV-2, que causa herpes genital.

O herpes pode causar outros problemas de saúde em humanos. O HSV-2 aumenta o risco de infecção pelo HIV. Outros estudos relacionaram a demência ao HSV-1.