As células T "estaminais" podem ser a causa da colite ulcerosa

Cientistas do Instituto de Imunologia La Jolla (LJI) descobriram que uma população incomum de células T pode estar causando inflamação prejudicial em pessoas com colite ulcerativa, uma doença autoimune que danifica o cólon.

O novo estudo, publicado recentemente na revista Nature Immunology, é o primeiro a mostrar uma ligação entre células T "tronco" e colite ulcerativa em pacientes.

"Identificamos uma população de células T que pode ser importante para a doença e contribuir para a recidiva em pacientes com colite ulcerativa", afirma o professor Pandurangan Vijayanand, MD, PhD, do LJI, que coliderou o estudo com o professor Mitchell Kronenberg, PhD.

Os pesquisadores esperam atingir essa população de células T com terapia medicamentosa no futuro. "Essas células podem ser um alvo muito importante para o tratamento da colite ulcerativa e talvez de outras doenças autoimunes", diz Kronenberg.

Pesquisa sobre as origens da colite ulcerativa

As células T normalmente ajudam o corpo a combater patógenos como vírus e bactérias. Em doenças autoimunes, as células T atacam erroneamente o tecido saudável. Em pacientes com retocolite ulcerativa, as células T causam inflamação crônica no cólon, levando a danos graves nos tecidos e complicações potencialmente perigosas. Cerca de metade dos pacientes responde à terapia, mas as recidivas são muito comuns.

Para o novo estudo, a equipe do LJI combinou sua experiência em imunologia, biologia celular e genômica para responder a uma pergunta importante: de onde vêm todas essas células T nocivas?

As células T normais interagem com seus alvos (como antígenos virais) e, com o tempo, tornam-se disfuncionais ou até mesmo morrem quando reestimuladas. O corpo quer que as células T reduzam sua atividade ou morram após cumprirem sua função de prevenir inflamações desnecessárias.

Mas as células-tronco T encontraram uma maneira de se autorrenovar. "Essas células podem se autorrenovar e dar origem a células-tronco, bem como a células verdadeiramente patogênicas", diz Kronenberg.

Uma característica de algumas células-tronco e células-tronco T é o gene TCF1, que controla a expressão de muitos outros genes. Estudos anteriores demonstraram que essas células-tronco T são comuns em modelos animais de doenças autoimunes, incluindo diabetes e retocolite ulcerativa.

Quando os pesquisadores analisaram os genes expressos por essas células-tronco T, eles descobriram que o gene TCF1 era uma característica marcante que distinguia essas células de outros tipos de células T.

Estudo detalhado de pacientes

Pesquisadores do LJI estudaram amostras de tecido de cólon de pacientes com colite ulcerativa. Eles observaram atentamente os transcriptomas das células T para determinar quais genes estavam ativos nessas células.

Isso permitiu que os cientistas identificassem diferentes subtipos de células T nos tecidos afetados. Em pacientes com colite ulcerativa, havia uma grande população de células-tronco T no cólon, especialmente nas áreas inflamadas.

Essa correlação não significava necessariamente que as células-tronco estivessem causando a doença. Para descobrir se elas eram as culpadas, os pesquisadores recorreram a modelos animais e analisaram os genomas de células T no intestino de camundongos com colite. Descobriram que as células-tronco eram provavelmente as precursoras de vários tipos de células T patogênicas.

Os pesquisadores também demonstraram que podiam induzir colite ulcerativa injetando repetidamente células-tronco T em camundongos saudáveis. A capacidade dessas células de manter o potencial patogênico ilustra sua função "tronco".

Os pesquisadores então modificaram algumas das células-tronco T para que se tornassem muito menos semelhantes a células-tronco, excluindo o gene TCF1. Quando transferiram essas células para modelos murinos de colite ulcerativa, os camundongos apresentaram menos células T patogênicas.

Os dados dos camundongos reforçaram a ideia de que essas células-tronco podem ser responsáveis por manter a colite ulcerativa e causar recaídas em pacientes humanos.

"Em um modelo murino de colite, conseguimos demonstrar que as células-tronco T são necessárias para manter a doença", diz Kronenberg. "Essas células podem ser o fator que mantém a inflamação continuamente após a estimulação repetida do antígeno."

Os pesquisadores enfatizam que as descobertas atuais são descobertas científicas fundamentais. "Elas exigem ampla validação antes que possam levar a intervenções terapêuticas em humanos", afirma Vijayanand.

Vijayanand está particularmente interessado em estudar células-tronco T em pacientes com retocolite ulcerativa que recidivam, ao mesmo tempo em que conduz pesquisas para atingir essas células no futuro.

Kronenberg espera que a pesquisa leve a novas terapias para a colite ulcerativa que ajudem mais pacientes e reduzam o risco de recidiva. Ele acredita que uma nova compreensão das células-tronco T também pode ajudar a esclarecer as origens de outras doenças autoimunes.