Atividade antitumoral da aspirina

Segundo dados estatísticos, pode-se concluir que pessoas que tomam ácido acetilsalicílico por um longo período e sistematicamente têm menor probabilidade de desenvolver câncer – porém, não todos, mas, por exemplo, tumores malignos do sistema digestivo. Isso pode incluir patologias comuns como câncer de reto ou cólon e câncer de esôfago. O desenvolvimento de tumores de pulmão ou mama parece não depender da ingestão de aspirina.

O ácido acetilsalicílico é frequentemente prescrito para pacientes idosos e pessoas com doenças cardiovasculares, principalmente para a prevenção de trombose. Observa-se que, em todas essas pessoas, a incidência de câncer colorretal é significativamente menor do que entre aquelas que não tomam aspirina. Por muito tempo, os cientistas não conseguiram responder à pergunta sobre o porquê disso.

Representantes da Universidade de Munique estudaram estruturas celulares de tumores de câncer colorretal e descobriram que o ácido acetilsalicílico, em alguns casos, aumenta o nível de RNA microrregulador – um dos tipos de RNA de serviço codificados no DNA, mas que não contêm informações proteicas. O principal objetivo dos microRNAs é suprimir a produção de proteínas individuais. Seu objetivo é detectar um RNA matriz com informações sobre uma proteína, ligar-se a ele e causar sua clivagem ou a quebra do mecanismo que sintetiza a proteína.

A aspirina ativa a ação de uma enzima celular que afeta o fator de transcrição especial NRF2. Este termo é aplicado a proteínas que podem estimular certos genes que regulam os processos de transporte de informações entre DNA e RNA. O fator de transcrição é processado por uma enzima apropriada, passa do citoplasma para o núcleo da célula e ativa genes de microRNAs antitumorais existentes. E isso não é tudo: o ácido acetilsalicílico inibe a função de outra proteína que suprime a ação do fator de transcrição NRF2. Como resultado desses processos quase opostos, esse fator começa a funcionar de forma mais intensa.

Como resultado, as células tumorais tornam-se abundantes em microRNA, o que leva a uma diminuição de sua malignidade: as células tornam-se menos móveis e perdem a capacidade de invadir tecidos saudáveis. Além disso, muitas reações moleculares de malignidade celular se alteram, e a apoptose, um mecanismo de morte celular programada, inicia-se nas estruturas tumorais.

É importante considerar que as comprovadas propriedades antitumorais do ácido acetilsalicílico se manifestam mediante o uso regular e prolongado do medicamento. Essa ação se aplica principalmente a processos tumorais do tipo colorretal e câncer de esôfago. Além disso, os riscos de desenvolvimento de câncer são reduzidos, mas não totalmente eliminados. É possível que, em um futuro próximo, os cientistas consigam refinar todas as nuances dessa questão e criar um novo medicamento que possa não apenas prevenir o desenvolvimento de tumores, mas também tratá-los.

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