O primeiro contracetivo masculino pode ter sido descoberto

Em termos de variedade de métodos contraceptivos, os homens não têm tanta sorte quanto as mulheres: enquanto as mulheres têm uma variedade de medicamentos hormonais, o sexo forte tem que se contentar com preservativos e vasectomia.

É claro que os hormônios sexuais masculinos já foram descritos em detalhes; o que eles fazem no corpo masculino é bem conhecido. Portanto, métodos potenciais de contracepção hormonal para homens já foram desenvolvidos há muito tempo. Mas seu uso clínico é dificultado por dois motivos.

Em primeiro lugar, a eficácia desse tipo de contracepção para homens depende muito de cada caso específico: literalmente, a mesma dose do mesmo medicamento pode funcionar para um e não para outro. Além disso, os contraceptivos hormonais para homens geralmente são direcionados contra a testosterona. Como resultado, além do medicamento antitestosterona, os homens precisam tomar a própria testosterona – para manter a massa muscular e a libido. Por fim, os contraceptivos hormonais masculinos são repletos de efeitos colaterais, e são muito mais difíceis de considerar do que para as mulheres. (Para as mulheres, a medida da segurança do medicamento é a capacidade de engravidar e dar à luz uma criança saudável, mas para os homens não existe esse "controle de qualidade").

Por isso, muitos pesquisadores que trabalham nessa área buscam métodos alternativos não hormonais de contracepção medicamentosa para homens. Há pouco tempo, pesquisadores da Universidade de Edimburgo (Reino Unido) sugeriram o uso de um gene de infertilidade masculina que haviam descoberto: mutações nele inibiam a maturação dos espermatozoides e, se aprendermos a controlar esse gene, ele nos proporcionaria um contraceptivo eficaz com efeito reversível. Cientistas do Baylor College of Medicine (EUA) seguiram um caminho semelhante, publicando um artigo com os resultados de seus experimentos na revista Cell.

Desta vez, o objeto de estudo foi a proteína BRDT. Ela é sintetizada apenas nos testículos e carrega em sua molécula o chamado bromodomínio. Esse domínio permite que proteínas que a contêm se liguem a aminoácidos modificados em outras proteínas, as histonas. Estas últimas, como sabemos, organizam o empacotamento do DNA e determinam quais genes serão ativos e quais não. Consequentemente, as proteínas que interagem com as histonas têm a capacidade de influenciar a atividade do DNA e, literalmente, decidir o destino da célula.

Os pesquisadores se basearam nos experimentos de seus colegas da Universidade de Columbia (EUA), que mostraram que, se esse mesmo bromodomínio for cortado da BRDT, a formação de espermatozoides maduros será retardada em camundongos – justamente por causa de problemas com o encapsulamento do DNA nas células precursoras de espermatozoides. Os autores do trabalho decidiram não interferir na estrutura da proteína, não mutar seu gene, mas, em vez disso, sintetizaram um composto que chamaram de JQ1; essa substância se ligou à proteína BRDT, impedindo seu funcionamento. A JQ1 foi injetada em camundongos machos e seus volumes testiculares foram medidos ao longo de seis semanas.

Ao final desse período, o volume dos testículos havia caído 60%, indicando uma forte redução no número de espermatozoides formados neles. O número de espermatozoides, na verdade, caiu 90%. Além disso, a mobilidade dos espermatozoides restantes foi severamente prejudicada. Como resultado, os camundongos machos tornaram-se completamente estéreis. Mas nenhuma alteração hormonal foi observada neles — e, ao que parece, a libido dos roedores não sofreu alterações.

De modo geral, este medicamento pode suprimir o trabalho de outras proteínas semelhantes. No entanto, de acordo com os pesquisadores, eles não observaram quaisquer possíveis efeitos colaterais a esse respeito. Uma grande vantagem do JQ1 é que seu efeito é reversível: algum tempo após a interrupção do uso, os homens recuperaram a fertilidade. O medicamento atua em algum ponto intermediário da transformação das células-tronco em espermatozoides maduros, ou seja, as próprias células-tronco permanecem intactas. Os pesquisadores vão testar a substância que inventaram para efeitos colaterais de longo prazo e, se tudo correr bem, a parte masculina da população poderá finalmente receber uma pílula anticoncepcional eficaz e segura. No entanto, parece que seu efeito direto na forma de uma "redução no volume dos testículos" pode assustar mais de um usuário em potencial.

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