Quais são as particularidades do desenvolvimento mental das crianças de um ano a um ano e meio de idade?

Todas as conquistas de uma criança no segundo ano de vida são preparadas há muito tempo. Mesmo nos últimos meses do primeiro ano de vida, a criança experimenta sentimentos agradáveis quando os adultos lhe prestam atenção, quando consegue fazer algo sozinha, mesmo que essas tentativas tenham sido imperceptivelmente orientadas pela mãe. Ela tenta repetir experimentos bem-sucedidos e rejeita outros que terminaram em fracasso. Por exemplo, se, ao cair, um chocalho emite sons que a criança gosta (ou ela simplesmente o bate na mesa), então o bebê tenta repetir esse experimento ou tenta outras opções para potencializar o efeito (bater em uma panela ou bacia - então o som fica ainda mais alto!). Dessa forma, ele estabelece uma conexão entre causa e efeito. Assim, a criança forma julgamentos que selecionam as tentativas bem-sucedidas.

Já observamos a importância de uma criança aprender o conceito de "não" a tempo. Geralmente, essa habilidade começa a se formar a partir do 15º mês (1 ano e 3 meses). Isso se deve ao fato de que, nessa idade, a criança já anda com bastante confiança e, portanto, torna-se muito independente e até corajosa, sem compreender os perigos ao seu redor. É aí que começam a introduzir esse conceito, no sentido pleno da palavra, salvador. Se a mãe diz "não" e balança a cabeça diante de algumas tentativas da criança de fazer algo perigoso, a criança começa a entender o gesto de recusa. Essa é a primeira ideia abstrata que se cristaliza no pensamento da criança. (Vale ressaltar que o pensamento infantil é concreto e objetivo. Já falamos parcialmente sobre isso: se dizem a uma criança que isto é uma xícara, então por "xícara" ela se refere a esta xícara específica. E somente com o tempo a palavra "xícara" começará a ser associada a todos os objetos cilíndricos com alça na lateral da qual se pode beber. O pensamento abstrato é prerrogativa dos adultos.) E é a partir deste momento que a criança pode ser educada. Ao mesmo tempo, a recusa ou proibição deve ser usada com sabedoria, sem grosseria e, de preferência, com uma demonstração do que poderia ter acontecido se você não tivesse impedido a criança a tempo. Por exemplo, uma criança quer pegar um bule de chá quente. Naturalmente, você a proíbe de fazer isso. Mas se você não mostrar a ela as possíveis consequências (levar a mão da criança até o bule de chá quente, mas tocá-lo de forma que ela sinta um calor forte, e então puxá-lo e dizer: "Quente! Ah!"), então ela pode tentar novamente por curiosidade ou teimosia e se queimar. Naturalmente, a mobilidade de uma criança nessa idade, seu interesse pelo ambiente, que ela busca satisfazer de todas as maneiras possíveis, pode levar a consequências perigosas para ela ou para os outros. Portanto, muitas vezes é necessário proibir a criança de fazer certas coisas. E como nessa idade ela já está começando a entender as proibições, o principal que se exige do educador é que haja o mínimo possível dessas proibições e que elas não sejam sem sentido. (Piada: "Até os 5 anos, eu achava que meu nome era Cala a Boca!") Afinal, gritar e cutucar sem parar só irrita a criança, a confunde e ela gradualmente deixa de entender o que é permitido e o que não é. Antes de dizer "não" ou "você não pode", pense se é possível colocar a mesma chaleira quente em uma altura inacessível para a criança, trancar armários e gavetas com remédios, etc.

Mesmo que o bebê tenha conseguido fazer algo errado, não grite, não lhe dê palmadas e não o coloque num canto. Ele ainda é muito pequeno para compreender plenamente sua culpa. Mas você provavelmente conseguirá assustá-lo. Se fizer isso constantemente quando ele fizer algo errado, corre o risco de desencorajá-lo. Lembre-se, no filme "O Ponto de Encontro Não Pode Ser Mudado", Gruzdev discute para qual investigador o suspeito gravita instintivamente: "Se houver dois investigadores — um rude e mau e um gentil e educado, então o suspeito gravita intuitivamente em direção ao investigador gentil." O mesmo vale para as crianças. Se uma mãe grita constantemente com uma criança, bate nela e a coloca num canto, e um pai ou avó tem pena dela e permite tudo, então as chances da mãe ser amada são zero.

Por exemplo, um menino estava constantemente cutucando a parede, arrancando pedaços de cal e até mesmo tentando comê-los. A princípio, sua mãe tentou gentilmente impedi-lo de fazer isso, mas a criança continuou a fazer a mesma coisa. Ela ficou brava e até gritou com ele. No entanto, o menino, embora estivesse assustado e até fugisse da parede, olhou para trás e se escondeu, voltou ao mesmo lugar e continuou cutucando a parede. A mãe, desesperada para superar a desobediência do filho, recorreu a um pediatra que conhecia. Pais experientes e leitores alfabetizados, é claro, adivinharam o que o médico aconselhou: a criança não tinha cálcio suficiente no corpo! Este elemento é extremamente necessário para um corpo em crescimento construir ossos e alguns outros tecidos. Portanto, o médico aconselhou revisar um pouco o cardápio da criança, adicionando produtos ricos em cálcio.

Ele também aconselhou cercar o local onde a criança estava cutucando a parede para que ela não pudesse chegar lá. E, por fim, basta distrair a criança caso ela ainda tente teimosamente chegar à "cena do crime".

Ou outro caso instrutivo. Uma menina que tinha acabado de completar 1 ano e 5 meses aproximou-se de um armário, em cuja fechadura se projetava uma linda chave brilhante. Era tão bonita que era simplesmente impossível não tocá-la. A menina estendeu a mão, pegou-a com dois dedos, mas a chave caiu, fazendo um tilintar alto. A mãe correu para o quarto ao ouvir o som. Ao ver a "bagunça", começou a gritar com a menina e chegou a dar-lhe um tapa na mão. A filha, naturalmente, começou a chorar. A avó correu para o seu lado, chorando. Ao saber o que estava acontecendo, começou a acalmar a neta, mas sem lhe dizer nenhuma palavra "fofa", simplesmente começou a mostrar-lhe um livro brilhante com figuras coloridas. Depois que a menina se acalmou, a avó substituiu o livro por brinquedos e foi ter uma "revisão" com a mãe (sua filha). Não vamos escutar a conversa, mas apenas analisar os erros cometidos pela mãe da menina. Em primeiro lugar, é absolutamente inaceitável bater nas mãos de uma criança. Não se pode nem bater no bumbum de uma criança, quanto mais nas mãos! Esqueça esse método de punição! Em segundo lugar, pense bem: a chave é linda. Claro, você realmente quer tocá-la. Mas se você não quer que a criança a toque (e, de fato, ela pode se perder, a criança pode colocá-la na boca e engoli-la, etc.), então basta tirar a chave do buraco da fechadura e colocá-la em um lugar onde você possa pegá-la a qualquer momento, e a criança não a verá e não poderá pegá-la. E em terceiro lugar, você ama seu filho? Então por que você se lança sobre ele sem nem mesmo descobrir se ele é culpado ou não?

Crianças menores de dois anos são muito curiosas. Elas se interessam por tudo! Não basta apenas olhar para um objeto que lhes interessa; elas precisam tocá-lo, senti-lo, colocá-lo na boca, jogá-lo. Ou seja, entender sua essência. Afinal, é assim que elas aprendem sobre este mundo. E a mobilidade e a destreza cada vez maiores permitem que elas alcancem esse objeto. Ao mesmo tempo, o bebê às vezes mostra milagres de engenhosidade. Por exemplo, você precisa subir na mesa. O banquinho ou cadeira é muito pesado. Mas perto dele há uma mala com roupa suja. Também é pesada. Mas a criança a abre, tira a roupa suja (naturalmente, jogando-a no chão) e arrasta a mala vazia para a mesa e sobe nela. Naturalmente, esse comportamento do bebê irritará os adultos. Mas não há necessidade de puni-lo por isso, e principalmente de bater! Tente se colocar no lugar dele. Afinal, no vaso para o qual ele subiu na mesa, há flocos de neve azuis e perfumados, que ele nunca viu na vida! Melhor deixá-lo cheirá-los, acariciar as folhas, talvez até arrancar uma florzinha e esmagá-la entre os dedos. E então explicar que é muito mais fácil chamar um dos adultos para ajudá-lo a executar seu plano.

Para prevenir comportamentos indesejados e evitar proibições frequentes que deixam seu filho nervoso, você deve tentar remover tudo o que ele puder alcançar, caso algo possa quebrar ou ser perigoso para ele, e tentar planejar seu dia de forma que ele não fique sozinho em casa. Leve-o para passear ao ar livre com mais frequência e, ao chegar em casa, brinque com ele. Se precisar fazer algo em casa, certifique-se de que a criança esteja dormindo nesse horário. Forneça a ele um número suficiente de brinquedos adequados à sua idade e interesses. Nunca dê ao seu filho um motivo para fazer algo que você o proibirá mais tarde. Por exemplo, não o coloque no parapeito da janela para que ele possa ver o que está acontecendo lá fora. Na sua ausência, ele pode subir no parapeito da janela e cair da janela. Você não pode proibir seu filho de fazer algo, mas, ao mesmo tempo, permitir a possibilidade de desobediência com suas expressões faciais. Por exemplo, você diz "não", mas sorri. Uma criança, ao ver seu sorriso, pode entender sua proibição como frívola e violá-la.